sexta-feira, 30 de setembro de 2011

mãe do meu coração

tanta coisa pra escrever, tantas idéias dispersas na cabeça. mas todas desconexas, como se nenhuma se encaixasse, todos pensamentos aleatórios, como se não pertencessem a mesma mente. todos aqui dentro, um grita, o outro sussurra. enquanto um corre em direção a linha de chegada, outro luta para despertar logo na linha de largada. qualquer coisa que eu venha a postar aqui, agora, vai parecer sem sentido. vivo numa constante imperfeita de dúvidas de dívidas de não saber se o certo é querer. se o querer é certo, se o querer é possivel. tenho pouca idade, muita vida vivida, muita falta de destino. entraves, medos. medos. medos. sozinha fui criando um coração e hoje sou mãe solteira dele. não deixo alguém chegar e dar ordens a ele. ele é meu. filho meu. mas um dia, apareceu um moço muito simpático. devagar, ele conquistou não a mim, mas ao meu filho. e agora? meu filho te quer. por perto. mas eu não sei se devo. voce a cada visita coloca um sorriso nele, brinda com presentes, com carinhos, com cuidados. mas sou mãe zelosa, penso tanto no bem do meu pequeno, que te deixo por perto. junto. sem saber se é o que quero, o se é o que preciso.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

cade voce peter pan

nós nunca fomos um casal romantico.. nunca saímos para jantar a luz de velas, e voce nunca apareceu na minha casa com um buquê de rosas. gostamos de sair, comer fast food, e ficar lá por horas e horas, falando mal das pessoas que passam, do jeito que elas comem e das roupas cafonas. depois de lá, vamos tomar um sorvete. eu te mando olhar tal coisa, e quando você volta a me olhar eu enfio sorvete no seu nariz. ah, nossas noites de fondue! sempre tinha mais chocolate em você e em mim do que onde deveria de fato ter. te dou tapas, te soco. e você, muito mais alto que eu, me olha de cima, sorri e me abraça. nossas tentativas bobas de assistir filme, mesmo sabendo que o filme continua passando, nós acabamos nos distraindo um com o outro e não assistimos nem os primeiros 5 minutos. grito com você quando você erra o caminho, e nós dois damos risadas juntos, da minha loucura. fico brava quando voce diz que meu cabelo tá engraçado, ou que eu tô com cara de doente por estar sem maquiagem, até você colocar seus braços ao redor da minha cintura, e dizer que eu sou linda de qualquer jeito. são manias que nos acompanham a tanto tempo.. me lembro tão bem, nós dois na escola.. eu vivia jogando suas coisas no chão, você vivia puxando minha cadeira na hora que eu ia sentar e eu caía no chão, dava risada, e te derrubava tambem. um casal de crianças, é isso o que nós somos, e me pergunto, até quando? voce parece estar crescendo, se afastando. virando um adulto que não conheço. será que a imatura sou eu? gosto tanto dessas pequenezas. nossas. por favor, não diga que se cansou. ou que encontrou uma mulher madura, adulta, e todas essas caracteristicas que voce sempre criticou. somos assim, eu e voce. adultos crianças. volta pro nosso parque. vem de novo assoprar minha barriga e me fazer rir. vem... eu sei o caminho, voce também. não vou te deixar se perder, meu menino. meu pequeno.

eu, tu, ele. O ah! Amor.

amor.. sentimento sem data de validade. mas com tantos efeitos colaterais. sentimento perecível. mas que pode fazer tão mal ainda fresco. sentimento parasita. alimentando-se de toda minha força. minha inspiração. mas não procuro remédio. procuro apenas uma forma de co-habitarmos em harmonia. sentimento inventado. palavra inventada. definição inventada. por que eu inventei de amar?
agora estou quebrando a cabeça, inventado uma maneira para voce, que me diz a toda hora: "não sei amar, não sei o que é isso, nunca amei". não é justo. eu ter que amar por mim e por voce. não mesmo..

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

maçã-do-amor; algodão-doce

não fazia muito tempo que ela trabalhava naquele pequeno circo, mas ainda assim, já estava cansada de todas as ladainhas, e de toda a sujeirada que eram os bastidores daquele lugar. era a bailarina mais talentosa que qualquer um havia visto, só ela não se dava conta disso. ela já não suportava mais fingir que os animais não eram maltratados, que o mágico não era uma fraude, e que a mulher barbada tinha de fato uma barba. ela entrava, apresentava seu belíssimo numero, e sorria ao final da apresentação. ela não podia partir, o circo havia se tornado sua família, seu sustento. o que mais impressionava-a era a delicadeza da maquiagem do palhaço, um artista. feio como poucos, chato como muitos, mas como num toque de mágica mudava. sua boca vermelha, acompanhava o batom, o pó branco escondia as rugas e todas imperfeições. ali começava o show. e o circo a prendia. segurava. a cada cidade, a cada tenda armada, a cada picadeiro. um novo publico, um novo amor, uma nova história. não importava mais pra onde iam. desejava apenas continuar indo. naquela noite, retomou seus rascunhos e colocou em verso suas angustias. saiu mais ou menos assim.

"E montamos novamente o circo.
O picadeiro em festa, o publico vibrando. O espetáculo se apresenta da forma mais inocente possivel.
Quem esta de fora ri. Quem esta ali dentro gargalha.
E acabou.
O povo foi embora. A lona desceu. E eu, o palhaço fiquei ali. Tirando minha maquiagem, estupefato. Como podem se divertir tanto?

Um dia eu entendo. Deixo de ser palhaço, quem sabe viro mágico.
E mágico, me iludo."

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

confessionário

mantinha meus segredos em seus olhos, e maquiava as mentiras com verdades. namoravamos há quase 2 anos, e ainda assim sentia ter um relacionamento superficial. conversávamos muito, sempre conversamos. era uma das coisas que mais gostava, ele fazia eu me sentir bem, segura, e mesmo assim, algo faltava. faltava que ele visse algo. faltava que ele sentisse junto, compartilhasse, e me desse colo. foi então, em surpresa, na frente dele. comecei a me despir, e ele pôde ver então, cicatrizes que nunca havia reparado. me despi de todo o orgulho, e pedi perdão por todas as mentiras descaradas. joguei longe toda a ironia, e fui cem por cento honesta pela primeira vez em muito tempo. livrei-me de todo o egoísmo, e disse que aprenderia a aceitar que o mundo não gira ao meu redor. deixei de ser menina, virei mulher, em atos. aquela relação estava fadada ao engano eterno, por culpa minha. dois imaturos, duas crianças. me senti uma destruidora indefectivel de corações alheios. terminado meu discurso, eu chorava. consciente de que tinha deixado para trás a juventude. ele, tolo, perguntava com quantos eu tinha saído.. se isso fosse o maior dos problemas. tolinho..

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

faz-de-conta

quando era pequena, teve o primeiro namoradinho, daqueles que nem dão a mão, mas ainda assim todos sabem que se gostam e estão juntos. foi quando, dentro da casinha que ficava no pátio da escola, ele a trocou pela sua melhor amiga. ela fez bico. fez bico pro amor, e disse que ele era mau. o amor dóia, ela achava que sabia alguma coisa sobre isso. ja tinha visto brigas de amor. do pai com a mãe. e tentou fazer igual, tentou repetir as falas. falava sobre falta de respeito, sobre o amor que existia, sobre 'tudo' que haviam vivido, sobre os planos, os sonhos. questionava até com quem ficaria o cachorro, que ja tinha até nome. e ele impassivel, dizia simplesmente que aquela outra completava-o. que ela não obrigava a sentar na mesa, tomar chá, trocar roupa das bonecas. disse que ela aceitava o videogame, que muitas vezes até jogavam juntos. tinham sido feitos um para o outro. assim, aos 12 anos de idade, eu sofria de amores futuros.

meu conto de fadas

passei tanto tempo procurando pela minha alma gêmea, pelo meu príncipe. o mais forte, mais bonito, mais alto.. procurei, e não achei. me frustrei e chorei. me perguntava o que poderia haver de errado comigo, qual seria, afinal, meu problema? pensei em tudo: meu cabelo, meu peso, meu estilo, minha voz, minha personalidade, mas ainda assim não achei nada. construí muralhas e desisti do amor.. ele que me procure quando quiser! foi quando, com um sorriso espontâneo, eu vi toda essa armadura que eu havia construído, cair. depois de muito tempo, descobri que não havia nada de errado comigo, e sim com o que eu procurara desde pequena. percebi que não precisava achar minha alma gêmea, e nem alguem que me completasse, eu precisava de alguem que me respeitasse, e me fizesse feliz. príncipes não choram, não tem ciúmes, não falam palavrão, não reclamam do tamanho da sua saia e não olham outra menina passando. príncipes não existem. e eu soube aceitar isso, a partir do momento em que você entrou na minha vida. eu não precisava de um príncipe. eu precisava de você. com suas chatices, seu sorriso falso pras fotos, sua antipatia por livros e seus preconceitos bobos. já faz muito tempo que estamos juntos, e é incrível perceber que a única coisa que mudou em nós, foi que o nosso amor cresceu. meu príncipe de mentirinha...

rodapé

tenho manias que são capazes de irritar até a mim. sou inconstante, minhas emoções explodem a qualquer momento, em riso ou choro. gosto de futebol, mas torço pra dois times e quase nem assisto. demonstro frieza, mas ainda assim sou uma manteiga derretida. não tenho medo de barata, de aranha, de cobra.. mas tenho medo de fazer as escolhas erradas, ah.. isso me apavora! tenho nostalgia com o passado, mas não queria voltar. odiava panelinhas, mas era a rainha das patricinhas na escola. entro em contradição a todo momento, e mesmo assim juro que tenho uma opinião formada sobre tudo. uma orgulhosa que pede perdão. uma manipuladora com bom coração. uma cigana, uma lagarta. em constante transformação. sou daquelas que diz que não se apaixona, mas sonha com o menino mais bonito. quando dizem que sou linda, não me envaideço. nego, mas fico dia a dia mais confiante para investir naquele rapaz. escrevo, leio, escrevo, apago. me acho mulher, me descubro menina. me perco criança. se preciso viro bebe. ja enchi a cara, ja quebrei a cara. tenho uma agenda. tenho recortes bobos, revistas. papéis de carta cor-de-rosa, cheirosos. o bilhete do cinema, a embalagem do chocolate, os corações com seu nome, as brincadeiras com seu nome. meu nome com seu sobrenome. sou menina. e voce moleque. mas eu gosto mesmo assim. sonhos inocentes me acompanham todas as noites, andar de mãos dadas contigo, sair pela porta da frente da escola ostentando meu namorado, ser a sua namorada, fazer carinhos, receber afagos, conhecer o que chamam de amor, explorar esse desconhecido, que aqui dentro anseia por sair, me lembro quando ouvia comentarem das cólicas, que era dor de mulher, e eu queria tanto. até minha primeira cólica, e passei por ela sorridente. e digo: quero todo mês. pra me lembrar que sou feminina, que posso chorar, que posso fazer manha, birra, ter vontades, desde que tenha alguém para satisfaze-las. e assim espero o amor. sei que um dia vai doer amar, sei que um dia vou chorar. mas não pretendo desistir. é ele que vai me dar e mostrar o quanto estou viva. vou medir minha vida, pela quantidade e intensidade de amor. seja com o menino mais bonito, com o mais inteligente, com o desengonçado. amar. amar. e amar. e no fim do ano, folhear essa agenda recheada de experiências novas. e me preparar, para a próxima. que venha mais um ano.